Água para lavar, beber e para produzir todo nosso alimento
19/03/2021
É fácil abrir a torneira e encontrar e água límpida saindo dela. Mas, você já se perguntou de onde vem essa água, e como é o processo até que ela chegue nas nossas casas?
Além disso, você sabe como os produtores conseguem água para produzir todas as frutas, verduras e legumes que consumimos? Será que eles dependem exclusivamente da chuva para isso? E como é garantida a segurança da água usada na agricultura?
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E para falar sobre esse assunto, conversamos com o Dr. Eusímio Fraga Júnior, professor e pesquisador da Universidade Federal de Uberlândia – UFU.
Vamos entender isso tudo neste texto. Mas, independentemente de onde a água é usada, é um recurso natural muito necessário e precioso. É por isso que a segurança da água e sua qualidade são temas discutidos no mundo todo.
De onde vem a água que chega às nossas casas?
Se você voltar no tempo, vai perceber que não foi a água que chegou nas casas das pessoas, e sim as pessoas que construíram povoados, comunidades e cidades próximas dos locais onde existia água.
As antigas civilizações começaram a estabelecer moradia perto dos rios, lagos e grandes volumes de água. E isso ocorreu ao mesmo tempo em que eles começavam a cultivar seu próprio alimento. A história se entrelaça entre os humanos deixarem de ser nômades e começarem a desenvolver a agricultura.

De lá para cá, muita coisa mudou, mas a prática da irrigação foi se difundindo pelos continentes. Acabou se tornando, em muitos locais o único meio para a produção de alimentos.

No entanto, as fontes de água continuam as mesmas. Denominados mananciais, a água que vem para as cidades tem origem de reservatórios superficiais ou subterrâneos, que são grandes volumes aquáticos abastecidos por cursos d’água como os rios. E tudo isso, depende das chuvas.
O processo de captação, tratamento e distribuição das águas é feito pelas empresas de saneamento, e cada região ou cidade tem uma empresa responsável por esse serviço. Ali, a qualidade e o atestado de segurança dessa água são validados.
Monitoramento garante segurança
O monitoramento da qualidade da água inicia lá nos mananciais. Desde os cursos d’água, o Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas – PNQA – coordenado pela Agência Nacional das Águas (ANA) monitora e avalia as alterações nas características físicas, químicas e biológicas da água, decorrentes de atividades humanas e de fenômenos naturais.
O monitoramento da qualidade da água é proposto para certificar que, no decorrer do tempo a água que chega até as pessoas seja boa para ser utilizada e consumida, nas mais diversas atividades.
Além do mais, o monitoramento possui grande importância, para garantir o bom uso e a qualidade da água e prevenir mudanças que podem ser prejudiciais ao meio ambiente e saúde humana.
O monitoramento da qualidade da água é definido pela amostragem e análise dos constituintes e condições da água. Isso pode incluir:
- Poluentes introduzidos, como pesticidas, metais e óleo;
- Constituintes encontrados naturalmente na água que, no entanto, podem ser afetados por fontes humanas, como oxigênio dissolvido, bactérias e nutrientes.
Além de várias legislações estaduais e municipais, a gestão dos recursos hídricos tem uma lei específica no Brasil, conhecida como Lei das Águas, Lei no 9.433/97, que estabelece a Política Nacional de Recursos Hídricos.
E todo esse monitoramento é medido por meio de índices, coletados e calculados pelos estados brasileiros. Os principais índices de qualidade da água utilizados são:
- Índice de Qualidade das Águas (IQA)
- Índice de Qualidade da Água Bruta para fins de Abastecimento Público (IAP)
- Índice de Estado Trófico (IET)
- Índice de Contaminação por Tóxicos
- Índice de Balneabilidade (IB)
- Índice de Qualidade de Água para a Proteção da Vida Aquática (IVA)
Cada um desses índices vai conseguir classificar a água e dizer às pessoas como está a qualidade, atestando ou não a segurança para o consumo urbano e agrícola.
De onde vem a água que irriga as lavouras?
O campo e a cidade dividem as mesmas fontes de água, que são a chuva, os rios e poços. Nas cidades, a água é captada, passa pelas estações de tratamento e é distribuída para a população. No campo, acontece de outra forma.
A chuva é a maior fonte de água para a agricultura, e a grande maioria dos produtores depende dela para completar a produção agrícola.
Seja de forma direta, quando a chuva cai do céu e molha as plantas, ou pela estocagem da água das chuvas em reservatórios, muitos produtores dependem exclusivamente da chuva para molhar seus cultivos. Já, outros agricultores contam com poços e cursos d’água próximos às propriedades, podendo obter esse recurso natural diretamente de aquíferos e rios.

Mas, para que tanta água?
Essa resposta é simples, para irrigar os cultivos. Em algumas regiões onde as chuvas são muito espaçadas, por exemplo, o agricultor não consegue ter uma produção de qualidade sem a ajuda da irrigação. Além disso, a irrigação aumenta a produtividade das mais diferentes culturas, podendo chegar em até 40%, dependendo de como é realizada.
Muito se fala que a agricultura é prática responsável pela maior utilização de água, no entanto, a água usada pela agricultura é reciclada. Assim como os animais, as plantas perdem água para o ambiente e essa água evapora ou infiltra, voltando para as fontes subterrâneas.

Apesar do Brasil estar entre os 10 países que mais possuem áreas agrícolas irrigadas, a área ainda é baixa. Segundo os dados da Agência Nacional das Águas (ANA) e do Censo Agropecuário, feito pelo IBGE (2017), o Brasil tem cerca de 6,8 milhões de hectares irrigados.
Onde já é realizada, a irrigação traz muitos benefícios a pequenos, médios e grandes produtores.
“Existem belíssimos trabalhos de difusão das tecnologias de irrigação ao redor do mundo. No Brasil não é diferente, temos um mercado que está em plena expansão e adaptado a todos os níveis tecnológicos e tamanho de propriedade.” Completou o Dr. Eusímio.
Mas, antes de irrigar, é preciso que o produtor rural obtenha autorização para usufruir desse recurso natural. Das áreas irrigadas, a maior parte da água utilizada vem do subsolo ou de rios. E somente pode ser utilizada com autorização da ANA.
Essa autorização tem o nome de outorga de direito de uso de recursos hídricos, e tem o objetivo de controlar a quantidade de água utilizada, a manutenção da qualidade da água e a garantia de acesso para todos que dependem daquela fonte.
A própria ANA estima que o Brasil tem potencial para expandir a área irrigada para 77 milhões dos 351 milhões de hectares dos estabelecimentos agropecuários distribuídos por todo o território nacional.
Ah! E não pense você que os produtores rurais não pagam por essa água que consomem. Assim como nas cidades, o campo também paga pela utilização dos recursos hídricos existentes.
No entanto, essa cobrança não é um imposto ou tarifa, mas sim uma remuneração pelo uso de um bem público. Não só os agricultores, mas todos que captem, lancem efluentes e façam uso direto de corpos d’água precisam pagar o valor estabelecido. Valor esse que é cobrado proporcionalmente, onde, quem usa mais, paga mais e quem polui menos, paga menos.
A ANA faz monitoramentos frequentes sobre a qualidade da água e emite relatórios mostrando os valores do Índice da Qualidade da Água (IQA), que avalia a qualidade da água para o abastecimento público.
Portanto, seus resultados devem ser interpretados levando em consideração este uso da água. Por exemplo, um valor de IQA baixo indica a má qualidade da água para o abastecimento, porém a mesma água pode ser utilizada sem problemas em outros usos menos exigentes como a navegação ou a geração de energia.
O IQA é particularmente sensível à contaminação por esgotos domésticos, o que justifica sua utilização, visto que, ainda é a principal pressão sobre a qualidade das águas brasileiras. No entanto, os resultados apresentados mostram que 82% da água do Brasil foi classificada entre “ótima” e “boa” para o uso (água própria para o abastecimento público após o tratamento convencional).
Os valores médios de IQA classificados como “ruins” ou “péssimos” (7%, nos últimos anos) foram, em sua maioria, detectados em corpos hídricos que atravessam áreas urbanas intensamente povoadas. Em parte dos casos, este fato deve-se ao lançamento de efluentes tratados ou esgotos domésticos lançados in natura nos corpos hídricos.
Há também a preocupação com a possibilidade da contaminação da água por agrotóxicos, principalmente em regiões onde o cultivo agrícola é intensificado e tecnificado. E para isso, também há monitoramento.

A legislação vigente no Brasil determina que, pelo menos, duas vezes por ano a água destinada ao consumo seja analisada para detectar se há resíduos de agrotóxicos acima dos limites estabelecidos por lei.
Se algo for encontrado, órgãos de fiscalização como vigilância sanitária e defesa agropecuária devem aplicar as devidas sanções. Vale ressaltar, que estes casos são raros e pontuais.
Principais fontes:
Fortes, A. C. C. et al., A vigilância da qualidade da água e o papel da informação na garantia do acesso. Saúde em debate, 2020.
ANA – Agência Nacional das Águas, Outorga de direito de uso de recursos hídricos. Cadernos de capacitação em recursos hídricos, 2011.
ANA – Agência Nacional das Águas, Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil, 2013.

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